segunda-feira, 7 de junho de 2010

ANOREXIA - SOFRIMENTO PSÍQUICO E FÍSICO.

Uma reflexão sobre a Anorexia e seus sofrimentos.

O que faz uma pessoa olhar-se no espelho e não ver a imagem que está sendo refletida, mas uma imagem distorcida de si mesmo?


Antigamente no tempo de nossas tataravós, bisavós e até avós, não se ouvia falar muito em depressão, pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), muito menos em Anorexia e bulimia. Hoje, na contemporaneidade, os consultórios dos psiquiatras e psicólogos estão cheios de casos de depressão, TOC, pânico, anorexia, bulimia, entre outros males agravados pela pressão e estresse do tempo que vivemos hoje, onde a falta de tempo para si mesmo e uma vida corrida e atribulada é a realidade vivida. Sucumbimos a um domínio massacrante do consumismo e da ditadura da mídia por um ideal de perfeição que esmaga homens e mulheres que sucumbem a essa perversão midiática que vivemos hoje.

Os transtornos alimentares que afetam milhares de pessoas com obesidade, compulsão alimentar, anorexia e bulimia nervosas, causam sofrimento e levam ao Transtorno de Percepção, ou seja, a pessoa não se vê como está, no caso da anorexia, a pessoa não se vê magérrima como está, mas sim gorda e disforme, e isso causa um sofrimento enorme, que traz outras conseqüências que podem levar à óbito. É preciso intervenção médica (e medicamentosa) e psicoterapêutica de forma interdisciplinar e integrada para o sucesso do tratamento.

Sabemos que esses transtornos além da origem psíquica, também perpassam por vários aspectos sócio-culturais, genéticos, familiares, midiáticos e psicológicos. Enquanto psicólogos, nós estudamos e investigamos o que está por trás da anorexia, o que causou, qual a origem, e sabemos pelos estudos psicológicos que a anorexia tem a ver com o vínculo com a mãe (ou quem ocupe essa função – a função materna), de como foi esse vínculo na origem, têm ligações com a nutrição, era uma nutrição que realmente nutria ou que envenenava? Como foi o vínculo com a mãe? Houve acolhimento ou repulsa? São questões mais profundas que envolvem a anorexia e a bulimia, e tem a ver também com questões de Identidade, com auto-estima, com auto-aceitação, a dificuldade com seu próprio corpo e a exigência por uma imagem idealizada e perfeita que só é possível na fantasia, por um maciço processo de cobrança social por um corpo perfeito e por uma beleza a qualquer preço, que foca o “culto ao corpo perfeito”.
Nós somos um corpo já desde o útero materno, e é através dele que nos comunicamos com o mundo desde o nascimento, é nele que marcamos nossas emoções e vivências e estabelecemos contato com o mundo e com as pessoas, e a forma como fomos recebidos, se fomos aceitos, desejados, olhados, acariciados, ou não, faz muita diferença na história de vida de cada um de nós, e fundamentalmente na de quem sofre com esses transtornos, pois têm a ver com os registros mais primitivos (primeiros) que vivenciamos e levamos como memória (inclusive memória celular) para nossa vida e nossas relações. O vínculo mãe-bebê é fundamental para a formação da Imagem corporal da criança e para a forma que esse bebê se estrutura, ou seja, na formação da sua personalidade e da sua estrutura caracteriológica, e na forma de criar vínculos e se relacionar consigo mesmo e com o mundo.


Somos um dos países recordistas em cirurgias plásticas, nada contra cirurgia plástica, até que é bom poder ter esse recurso para corrigir o que precisa ser corrigido ou até para deixar a pessoa mais bonita, seja homem ou mulher, e quando isso é feito com consciência nada de mal, o problema é achar que a plástica vai resolver todos os problemas e vai fechar o buraco existencial que existe em quem sofre, criando assim mais um problema ao invés de solução. Causa muito sofrimento o mito da mulher bela, que temos que engolir goela abaixo hoje em dia, e muitas mulheres se tornam escravas desse mito desumano, deixando de serem livres e felizes para serem escravas da moda, da beleza, da expectativa alheia, esquecendo de suprir suas carências afetivas e emocionais e suas reais necessidades, de entrar em contato consigo mesmas e serem felizes. Uma questão fundamental nesse processo é a ajuda da família e dos amigos, é essencial seguir o tratamento e a psicoterapia para cuidar das questões mais profundas e conseguir trabalhar terapêuticamente sua imagem corporal, suas novas percepções de si mesmo, suas dores emocionais e se fortalecer enquanto ser para poder ser feliz, com suas realidades possíveis e não as fantasias que causam dor e solidão, mas construir em um processo terapêutica, numa aliança terapêutica de confiança, uma forma de estar no mundo de forma mais plena e feliz.


JANAINA ISMENIA DE MELO.
(fotos tirada da internet).

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