segunda-feira, 25 de outubro de 2010

CACOS DE CRISTAIS!!!



(...) Comigo, as coisas não tem hoje e ant’ôntem amanhã; é sempre (...) (Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa)



Na natureza sempre após o dia, vem a noite, e novamente o alvorecer. Na alma humana também, revezamos entre dias ensolarados e felizes, e noites tenebrosas e doridas. Mas tanto na felicidade quanto na dor o crescimento está sempre acontecendo, entre sorrisos e lágrimas, entre tempestades, trovões, relâmpagos e arco-íris. Tudo é prosseguimento e travessia. Revolver as dores da alma por mais doloroso que seja, por mais lágrimas que produza, sempre possibilita renovação e amadurecimento, e o perdão se faz sempre necessário, perdão de si mesmo e de quem amamos e que magoamos com insensatez, imaturidade, pressa, egoísmo, medo e tantos outros sentimentos e ações que trouxeram dor. Nesse processo humano e divino, já que somos centelhas de Deus, permitir que o silêncio seja bálsamo de reflexões profundas, sejam rosas de esperança no porvir, onde o silêncio germine ânimo e novas escolhas, novos recomeços, novos plantios, novas colheitas de amor, paz e felicidade. Não há como recolher cacos de cristais, porque eles não colam, nunca ficarão perfeitos, mas fazer uma nova fundição e com o sopro renovador criar nova peça cristalina. Não dá para transformar escombros em belas paisagens, escombros serão sempre escombros, mas, todo escombro tem sua história, que merece ser conservada, mas é possível criar novas paisagens cheias de júbilo e beleza, com a vivência do sagrado nessa criação. Encontrar oásis na travessia do deserto e se reabastecer, depois de toda caminhada pela areia, com ventos cortantes e sol escaldante, noites gélidas e solidão profunda. Mergulhar no oásis é renascer, inspirando o perfume do agora, sem as dores do ontem e as dúvidas do amanhã, mas entregar-se plenamente ao agora, com a certeza vibrante no coração do amor infindo e profundo, vivificado pelo perdão e pela graça. Na transparência das águas benfazejas, mergulhar de corpo e alma no caminho já trilhado, deixando as ruínas para trás e construindo um castelo que não é de areia, que o vento desmanchará na primeira ventania, mas, um castelo com profundas vigas de sustentação e sólida base, onde mesmo quando acontecerem tempestades, trovões e relâmpagos não desabará, permitindo assim, que o amor mova a vida na prosperidade infinita.

JANAINA ISMENIA DE MELO.
(imagem de Salvador Dali tirada da internet)

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