sábado, 23 de abril de 2011

INTERVALO AMOROSO!!!



O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?
Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?
Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?
Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho
o sopro da vida de tua boca?
O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?
É como se entre um dia e outro
houvesse o vago-dia, cinza,
vida igual a morte, amortecida.
O poema, avulso gesto de amor,
é vão recobrimento de espaços.
O poema é dúbia forma de enlaces,
substitui o pênis
pelo lápis - e é lapso.


Afonso Romano de Santana
(foto tirada da internet)

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